O que é o “Novo Normal”?

Por que você deve pensar no “Novo Normal”

Por Roniel Sampaio Silva

Esse texto traz algumas reflexões para pensamos o impacto social que a pandemia tem trazido à nossa vida moderna a ponto do mundo inteiro pensar em quais serão os novos aspectos da nova normalidade. Neste sentido, trazemos aqui a definição do que é “novo normal que está sendo esboçado pelas Nações Unidas e que também foi explorada em um infográfico produzido pelo time do site de casssino online da Betway.

Na visão da Sociologia, quando falamos em normalidade faz-se alusão à “norma social”, “parâmetros sociais”. Quem é “normal” é quem está dentro das normas socialmente estabelecida. São as diretrizes que regem os jogos sociais os quais estamos inseridos. A partir do momento que o cenário muda completamente, os jogadores precisam se adequar à novas regras e também reinventar regras para que as relações sociais sejam estáveis.

Pensando nessas regras, as Nações Unidas  tem rascunhado algumas diretrizes estabelecidas para o “novo normal” as quais podemos agrupar em cinco eixos-chave cujos esforços devem trabalhar de forma solidárias e global para almejar os respectivos objetivos:

  1. Proteger e fortalecer sistemas de saúde existentes e suas respectivas capacidades a fim de combater a pandemia e outras que possam vir;
  2. Auxiliar as pessoas a lidarem com as dificuldades, fortalecendo sistemas de proteção social e serviços públicos básicos;
  3. Resguardar empregos, apoiar médias e pequenas empresas, trabalhadores informais por meio de políticas de recuperação da economia;
  4. Mobilizar recursos financeiros e estímulos fiscais para fazer com que as políticas macroecônomicas trabalhem na defesa dos mais necessitados, fortalecendo ações multilaterais e regionais;
  5. Promover a coesão social e investir em sistemas de resiliência e resposta liderados pela comunidade.

A saúde mais do que nunca tem tomado uma dimensão cada vez mais coletiva. A ideia liberal de que a saúde é uma responsabilidade meramente individual mostrou-se um disparate , um ato ilógico uma vez que a saúde de uma pessoa no planeta pode comprometer até mesmo existência da espécie humana. Em um mundo cada vez mais globalizado e integrado, de deslocamentos rápidos faz com que tenhamos que pensar em meios que resguardem a saúde não apenas dos que gozam de boa condição financeira, mas de todos indiscriminadamente.

O número de pessoas em situação de vulnerabilidade social tem crescido no mundo como todo, assim como a desigualdade social. Pensar em formas de reverter esse processo é fundamental para que tenhamos o mínimo de justiça social. A informalidade, o subemprego, crescem em países como o Brasil. Este fato vulnerabiliza as pessoas a tal ponto de muitos não terem garantidos sequer a refeição do dia a ponto de uma uma enfermidade comprometer a garantia de alimento diário.

O capitalismo tem como característica inerente e estrutural o desemprego. Tanto mais a tecnologia evolui, menos se necessita de mão de obra uma vez que as máquinas protagonizam o processo no lugar dos trabalhadores. Neste sentido, o emprego, especialmente o formal tem sido comprometido. Essa característica do capitalismo gera um movimento de debandada para o setor de serviços, fato que tem levado ao crescimento do empreendedorismo, da precarização e informalização do trabalho. Por isso que a ONU tem aconselhado governos a criarem políticas públicas para promoção do trabalho e da renda que tem sido afetadas por tal movimento.

Políticas macroeconômicas são politicas pensadas a partir de relações globais e totalizantes a partir de estratégias nacionais e globais para lidar com grandes agregados econômicos tais como renda e produtos, emprego e desemprego, níveis de preços, taxa de juros, estoque de moeda, taxa de câmbio e balança de pagamentos. Portanto, a situação de empobrecimento e vulnerabilização da população carece de uma resposta nacional e – porque não global -para diminuir impostos aos mais carentes e ao mesmo tempo em que também reverte renda em favor desta parcela da população, a mais afetada pela crise.

A pandemia tem descentralizado as economias em de uma forma brutal. Há poucos meses havia uma grande integração e fluxo de pessoas e nos dias atuais temos barreiras sanitárias que impedem tal fluxo. A resposta para essa situação é o fortalecimento de ações regionais, as quais podem e devem ser capitaneados por lideranças regionais e comunitárias.  Afinal, são eles que conhecem bem a realidade que estão inseridos e cabe aos governos e organizações incentivarem a mudança positiva que queremos no mundo.

Mudança de hábitos
Fonte: Hubspot e We Are Social

Considerações finais

Esses cinco eixos são apenas diretrizes gerais de relações econômicas as quais devem ser repensadas nesse momento. Há muitas outras coisas envolvidas as quais um texto como esse não seria capaz de abalar. O mais importante nesse momento é pensar no “novo normal” que queremos para o mundo. Qual o seu? Quais os problemas que ficaram mais evidentes nesta pandemia? Quais contradições? A nossa vida social é regida por regras e normas sociais, certamente estas regras mudarão, resta saber quem vai criar essas regras e até que ponto elas serão arbitrárias. Pense nas regras que devemos estabelecer porque certamente tem alguém pensando quais regras você vai seguir.

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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