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5 estratégias dinâmicas para arrasar como professor na primeira aula

Dinâmicas para a primeira aula

Por Roniel Sampaio Silva

 

Muitos dos rostos presentes na sala de aula não se conhecem na primeira aula. Na ocasião, ainda não foram formadas as panelinhas e os estudantes encontram-se em um contexto social pouco conhecido, fato que lhes causam certo desconforto . Tal desconforto tem um aspecto positivo visto que a maior parte dos estudantes dará maior atenção ao professor. Como se aproveitar estrategicamente dessa vantagem para “detonar” como professor no primeiro dia de aula? Selecionamos 5 dinâmicas, das quais o professor pode utilizar para causar impacto positivo no primeiro dia de aula.

 

1. Planejamento

Lembre-se que a aula começa antes de você pisar em sala. Faça um planejamento de uma sequência didática, das metodologias, das avaliações etc. No primeiro dia convém discorrer brevemente o que é a disciplina, o que ela estuda, como será sua metodologia, conteúdos e avaliações. Cite brevemente alguns assuntos que serão estudados e pergunte que tipos de assuntos eles gostariam de estudar. Falar de forma entusiasmada sobre tais os assuntos vai ampliar o número de estudantes interessados na disciplina e seus conteúdos.

2. Interesses comuns

Certamente você deve ter feito seu plano de disciplina com os conteúdos, estratégias de avaliação e outros detalhes. Porém, o primeiro dia de aula você coloca à prova como você conduzirá suas aulas, uma que o que você diz deve ser interessante para quem ouve. Então, faça questão de trazer várias sugestões de temas para que os alunos avaliem os assuntos que eles têm mais interesse. Isso não quer dizer que suas aulas serão pautadas pelos alunos, porém, encontrar um meio termo entre o que currículo estipula, o que é de interesse do professor e dos alunos enriquece o processo pedagógico.

 

3. Finalidade

Há duas palavras que são como mantras para mim, sendo uma japonesa, de Okinawa, e a outra do grego.  A primeira, Ikigai (生き甲斐), faz referência a “uma razão de viver” ou “motivo pelo qual se vive”. A segunda, Télos (τέλος), faz referência a “propósito”. Ambas palavras são fundamentais para o que propomos fazer, uma vez que a ação tem mais sentido quando pensamos onde queremos chegar.

Gosto de fazer o seguinte exercício de estranhamento com meus alunos. Pergunto-os: “Será que é normal a gente ficar todo santo dia 6, 7 ou 8 horas sentado numa gaiola de concreto, ouvindo meia dúzia de pessoas falarem na frente de um quadro?” Não parece ser uma situação confortável ficar assim. Para se submeter a essa situação é preciso valer muito a pena.  A gente tem que encontrar um objetivo, uma meta e vislumbrar um sentido nessa ação. Continuo provocando: Vamos pensar. “Por que estamos aqui?”. Cada um tem um sonho, uma meta uma vontade que faz da educação algo que realmente valha a pena. Qual é a sua? Leve papel adesivo e pincel peça para os estudantes escrevam o nome deles e o sonho resumido em uma palavra. Mostre seus alunos que os objetivos individuais se somam a objetivos da turma ex: “aprender com qualidade para transformar sua realidade”. Lembre-se que a turma tem um objetivo, todos devem lembrar que estão vinculados por aquele objetivo, professores e alunos. Para que o objetivo seja alcançado é necessário ter um plano: disciplina dentro e fora de sala. Cada vez que alguém destoar do objetivo de “aprender com qualidade para transformar a realidade”, lembre-os dos objetivos individuais de cada um e do objetivo da turma durante todo ano letivo.

 

4. Contrato pedagógico

A primeira aula é estratégica para o professor direcionar qual será o “tom” das suas aulas. Esclareça que tipos de atitudes você reprova e que tipos de comportamento você espera do bom aluno.  Você pode optar conduzir suas aulas por slides ou escrever no quadro as regras. Antes de chegar nessas regras, pergunte os alunos. O que é necessário para que a gente tenha uma boa aula? Vá escrevendo no quadro o que atrapalha o aprendizado e estabeleça as regras a partir das contribuições dos próprios alunos. As regras fazem muito mais sentido quando legislados também são os legisladores.

 

5. Quem somos?

Embora possa parecer clichê é importante saber quem são seus alunos no primeiro dia de aula. Tradicionalmente grande parte dos professores fazem um protocolo que consiste em perguntar tão somente os nomes dos alunos. Dependendo de como se faz esta apresentação, isso pode se tornar enfadonho e repetitiva quando outros mestres de outras disciplinam replicam a mesma dinâmica. Duas formas de superar tal repetição é pensar em uma atividade que os alunos digam não apenas os nomes, mas deem pistas de quem são os interlocutores a partir do que eles fazem. Para além dos nossos nomes, somos o que sonhamos, somos o que lemos etc. Perguntar o nome dos alunos e qual o desejo/sonho/objetivo deles é uma estratégia e “casa” muito bem com o contrato pedagógico citado neste texto. Outra estratégia interessantíssima é pedir que eles tragam para sala de aula livros dos quais estão lendo ou gostaria de ler. Assim a turma vai ter uma noção do que cada um gosta de ler, o que se relaciona em alguma medida a personalidade deles; essa dinâmica acaba não apenas apresentando o que cada um é como também acaba incentivando a leitura.

 

 

Considerações finais

Cabe lembrar que essas estratégias têm a resistência na timidez dos alunos, fato que é possível superar na medida que o professor começa fazendo sua apresentação a partir do formato que que gostaria que os alunos seguissem: 1) nome; 2) sonho; 3) gosto por qual tipo de leitura; 4) temas preferidos; etc. É importante destacar que as considerações aqui feitas são sugestões de estratégias e cabe ao professor adequar tais ideias à sua realidade, selecionando a(s) estratégia(s) que atendam ao tempo, ao público e aos recursos disponíveis.

Para contornar a timidez lembre-se de sempre começar as apresentações por você. Ex. nome, sonho, biografia, leitura que aprecia, objetivo. etc. Utilize os conhecimentos de Sociologia para mostrar como os objetivos individuais de cada um se relacionam com objetivos e expectativas coletivas.  Faça questão de deixar claro que nossas biografias individuais se relacionam às tramas sociais, crises, trabalho, violência, família, religião, economia etc. Algumas de nossas escolhas aparentemente autônomas e de “livre arbítrio” são fortemente influenciadas por dimensões sociais estruturais.

Roniel Sampaio Silva

Mestre em Educação e Graduado em Ciências Sociais. Professor do Programa do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Piauí – Campus Campo Maior. Dedica-se a pesquisas sobre condições de trabalho docente e desenvolve projetos relacionados ao desenvolvimento de tecnologias.

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