Condições de trabalho no Campo: reflexão de um trabalhador rural

Uma boa sugestão para provocar o debate em torno da temática “condições de trabalho no campo” é a carta que recebi hoje do Miguel, produtor rural em Goiás.

Segue abaixo, na íntegra, a carta:

“Pessoal, sou produtor rural no interior do Goiás, nos municípios de Itapirapuã ede Jussara, desde 1983, sempre tivemos algmas dificuldades co nossas estradas, geralmente muito mal cuidadas pelo poder público, aliás, quase sempre que há algum “retoque” é feito, é feito por nós mesmos, em forma de mutirões. Neste ano, muita chuva, TRANSIÇÃO E GOVERNOS ESTADUAL, a coisa está insuportável, não temos mais o direito de IR, VIR e nem VER, não temos Helicópteros e nem lamparinas…

Para se pensar as condições de trabalho no Campo, só neste ano de 2011, incrivelmente, tive que jogar fora mais de 5.000 litros de leite (ontem, 20/03) foram jogados mis 462 litros, parte por NÃO TER ESTRADA, parte por NÃO TER ENERGIA ELÉTRICA, ou ambos. A Centrias Elétrica de Goiás CELG) está falida, tempos atrás venderam a parte lucrativa e sabe-se lá onde colocaram o dinheiro obtido pela venda.

Estou pensando em abandonar totalmente a atividade rural ou pelo menos a atividade leiteira, pois produzimos, não temos apoio algum e ainda mais, somos HUMILHADOS a todo instante. Participo de uma Associação,a qual é atuante, porém impotente perante aos orgãos “competentes”. O que acham?

Pode estar parecendo um dsespero, mas não duvidem, é isso mesmo!

Obs.: Estou enviando novamente a mensagem com pequenas modificações, as modificações foram em razão da mensagens de incentvos que recebi de muitos vocês, para os quais meus sinceros agradecimentos.

Abraço a todos,

Miguel”

Cristiano Bodart

Doutor em Sociologia pela Universidade de São Paulo (USP), professor do Centro de Educação e do Programa de Pós-Graduação em Sociologia da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Pesquisador do tema "ensino de Sociologia". Autor de livros e artigos científicos.

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